segunda-feira, 4 de junho de 2012

Eterno Giro



Eu fui, peguei a velha manivela,
mal lubrificada, corroída,
destruída.
Fechei os olhos, e em silêncio rezei,
rezei para sorte, rezei para conseguir.
Girei o braço ouvindo o ranger,
o estrangular das catracas,
dos parafusos e pinos.
Os olhos fechados, o suor escorrendo,
a dor corroendo.

A linha do tempo rodopiou,
uma, duas, três.
Abri o olho direito e deslumbrei a eterna,
a eterna passagem dele.
Vi-me pequeno, ainda em colo,
meu primeiro beijo, meu primeiro amor,
vi você.
Vi você me dar o primeiro oi,
você me dizer o primeiro te amo.
Vi o tempo, o tempo que passamos juntos.

Vi as idiotices que disse, e o temor que tive,
vi as brigas, os abraços, os carinhos.
Vi tudo.
E quanto mais a manivela girava,
mas me brotavam as lágrimas.
Então eu vi o adeus.

Girei mais rápido, mais forte, me vi chegar ali,
e quando o futuro ia se revelar, a manivela travou,
o eterno giro parou.
Fiz força, lutei, esmurrei, soquei.
Mas nada fez o tempo correr, nada, nada,
cai de joelhos no chão empoeirado,
e quando meus olhos focaram na manivela.
Vi a inscrição.

“O futuro é incerto, até mesmo para o tempo.”
A dor apagou,
o tempo continuou,
o rodopiou voltou.
Eu só podia esperar.
Esperar....
Esperar.....
Esperar......

Esperar.......

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