Quero que a vida seja como um pote de sorvete.
Um sorvete napolitano daquele bem gelado,
que dói os dentes quando levamos a boca.
Quero pegar uma colher e enfiar bem fundo,
até que meus dedos toquem no sorvete e se manchem só para eu poder lambe-los,
quero provar de cada mínimo sabor da vida,
bem, bem lentamente.
Quero provar da excitação escondida,
do abraço e afago,
quero lambuzar o rosto com o gosto,
adocicado da vida.
Quero me encher do sorvete,
até passar mal, porque viver não é sempre gostoso.
Quero me arrepender,
de ter comido tão de pressa aquela parte,
e deixado o que não gostava só pro finalzinho,
quero dar uma, duas, três colheradas,
sentir meus dentes doerem com o ar gelado na boca,
ah, como eu quero provar desse sorvete.
Quero passar o resto do tempo só degustando,
cada pedaço dessa gostosura inumana,
não me importando com nada,
ah, quero tanto.
Mas quando o sorvete acabar,
você deve se perguntar,
então só vai me restar recordar,
tudo que provei, dar sorrisos com os sabores bons,
e gargalhar das idiotices e coisas ruins,
porque o gosto do momento sempre passa,
mas a memória do que provamos é eterna.
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