Estou tão longe das estrelas,
não consigo encontrá-las,
mal vejo o resquício de seu brilho,
parece tão pequeninas,
porque os meus sonhos não são refletidos nela?
Sinto-me a sete palmos do chão,
massacrado pela ilusão,
tão pequeno,
com tanta terra jogada em cima do meu caixão,
um rapaz afogado em seu próprio desejo de viver.
Não consigo erguer a mão,
nem tocar seu rosto com meus dedos cálidos,
a única coisa que consigo é rabiscar até as unhas riscarem e quebrarem,
tentando deixar para trás uma mensagem,
para que no futuro alguém veja e ao menos tenha pena do meu sofrimento.
Eu queria tanto poder gritar,
mas tenho medo de exaurir o ar,
e sequer conseguir deixar esse texto para trás,
uma carta de despedida seria tão mais bonita,
infelizmente não há papel, nem vontade, há somente o ar acabando.
A vida me deixando.
Mais uma letra, mais um segundo,
quanto tempo mais a terra vai me consumir?
Quando os vermes vão chegar e me devorar?
Até quando vou ser obrigado a sustentar,
esse verso estúpido e frouxo.
Só queria romper a barreira de madeira,
enfiar a mão pela terra e sair para olhar o céu,
sei que não chegaria nas estrelas,
mas ao menos eu poderia mais uma vez desejar aos céus,
que as constelações formassem algo bom.
Sou só um homem em uma jaula de madeira,
esperando o corte frio da morte,
ele vem tão lento, tão devagar, chega a judiar da minha alma,
mas ele vem,
e uma hora vai chegar, cortar-me o fio da vida e o inferno acabar.
E eu estarei morto. É tudo tão escuro aqui...